O grupo de estudo Narrativas e Memórias, coordenado, desde 2015, pela Profa. Dra. Cilene Pereira discute, este semestre, o tema da violência, considerando várias perspectivas teóricas e áreas de conhecimento.
No encontro do dia 13 de abril, a violência foi discutida a partir dos pontos de vista da Psicanálise e da Antropologia, por meio de textos das autoras Maria Rita Kehl e Alba Zaluar, respectivamente, “Imagens da violência e violência das imagens" e "Democratização inacabada: fracasso da segurança pública". Em ambos os textos, foi destacado o papel da elite no processo histórico de violência em nosso país e a segregação social como elemento de violência social.
Preocupada com a banalização da imagem da violência na indústria cultural, Kehl aponta que “o problema da espetacularização da violência, acrescida do tratamento realista da imagem, é que ela desfaz grande parte do efeito ético desses filmes, produzindo, alguns ‘efeitos colaterais’ importantes O mais óbvio é a elevação de nosso patamar de tolerância emocional para com a violência. A exposição exaustiva de nossa sensibilidade a cenas de horror, à visão do sofrimento de nossos semelhantes, à contemplação de corpos maltratados, feridos, destroçados, termina por nos tornar relativamente indiferentes. Cria-se um círculo vicioso: na medida em que nos acostumamos com a exposição às cenas mais tenebrosas, a indústria cinematográfica apela para efeitos espetaculares mais violentos, mais assustadores.” (KEHL, s/d, p. 91).
Para Zaluar, o crescimento dos índices de criminalidade em nosso país, após a democratização, além de consequência de nosso processo histórico de aprofundamento das desigualdades sociais, resulta também do tráfico de drogas internacional, que se alimenta dos esquemas de lavagem de dinheiro e da corrupção, e de práticas derivadas do aparelhamento militar do Estado na época da ditadura, com a formação de “grupos de extermínio ou de extorsão” (ZALUAR, s/d, p. 10).
As próximas reuniões estão marcadas para os dias 11 de maio, 6 de junho e 13 de julho.