Ele é um amante dos livros. E não é para menos, já que, há 20 anos na UninCor, o Sr. Waldemar Bécares Folgueras sempre trabalhou no mesmo lugar na instituição: a biblioteca.
A intimidade com o mundo dos livros é algo que vem de antes mesmo de seu nascimento, já que seu avô materno trabalhou por anos na respeitada Real Academia Espanhola (Real Academia Española, RAE), que é a maior referência mundial em estudos do idioma espanhol em todo universo hispânico.
Nascido em Ponta Grossa, no Paraná, o Sr. Bécares, como é conhecido na instituição, é filho de espanhóis que vieram ao Brasil para passar a lua de mel, gostaram e fixaram residência. Seu pai nasceu em Benavente, na província de Zamora, e sua mãe, a madrileña Julia Folgueras Dominguez de Bécares foi uma das fundadoras da UninCor. Ele conta que o MEC exigia que os professores tivessem titulação e sua mãe, formada pela Universidad de Madrid e pela Universidad de Salamanca (a mais antiga da Espanha e quarta mais antiga da Europa) foi uma das professoras da UninCor, lecionava várias disciplinas do curso de História, além de ter sido a primeira vice-presidente da instituição.
Apesar da máscara em seu rosto, seu olhar não esconde o amor que Sr. Bécares tem pela biblioteca, que ele acredita ter sido herdado de seu avô. “Comecei na biblioteca e terminarei na biblioteca. Eu gosto da biblioteca, gosto de estar perto dos livros, deve ser herança do meu avô”, ele afirma com seu forte acento espanhol.
O bibliotecário tem prazer em auxiliar os alunos. “Tem muita gente que diz que os alunos já sabem se virar, mas não é assim nada, não custa nada a gente ser gentil. A gente está aqui para auxiliar, a nossa missão é auxiliar as crianças que estão chegando”. A gentileza é realmente uma característica desse senhor, que antes da pandemia gostava de imprimir mensagens para os alunos da universidade.
Além da leitura, ele gosta de ouvir música clássica orquestrada e de rezar. Quando pode, frequenta missas, mas quando não consegue (na pandemia, por exemplo), assiste pela televisão.
Nascido no dia 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo, ele se diz católico apostólico romano e assegura que não é preciso ir à igreja para rezar. Ele afirma que é possível rezar enquanto faz outras coisas. “Eu venho para o serviço rezando, arrumo as estantes rezando”.
Outra característica que carrega é a honestidade. No comércio, sempre confere seu troco, mas com a preocupação de não receber a mais do que o correto. “Eu gosto de dormir sossegado. Se faltar no seu caixa, vão descontar do seu salário e não custa nada a gente fazer as coisas certas”.
Como irmão mais velho, sente-se na responsabilidade de cuidar da sua família que está no Brasil, mas a maior parte vive na Espanha, país que não visita há mais de 15 anos, mas sente falta, apesar de gostar do Brasil. “A gente gosta do Brasil, mas a família puxa, né”.
O maior desejo dele é que a pandemia acabe logo e que ele possa ver a biblioteca cheia de novo. “Gostaria que acabasse logo essa pandemia e que voltasse a UninCor como estava antes, o movimento que tinha. Antigamente a gente trabalhava de segunda à sábado, eu sempre ficava no último horário, sempre estava disponível para ficar até mais tarde, quando necessário”.
Ele conta que a busca pelos livros físicos era muito grande e ainda há muita gente que prefere o livro impresso, seja por afinidade, seja por não gostar muito das novas tecnologias.
Todos esperamos que esse momento passe logo, Sr. Bécares. Esperamos voltar a ver a biblioteca cheia, do jeito que o senhor ama, e vê-lo incentivando o hábito da leitura entre os jovens e entregando mensagens impressas a eles novamente.