Gratidão. Se fosse necessária apenas uma palavra para resumir a relação entre esse colaborador e a UninCor, com certeza essa seria a escolhida.
José Maria de Andrade, conhecido como José Maria Garoa, 50 anos, trabalha na manutenção da clínica e laboratórios de Odontologia e dia 14 de maio completa 24 anos de contratação. A sua história profissional se divide entre a UninCor e o futebol, seu esporte favorito. Em muitos momentos de sua vida, a modalidade esportiva e a instituição se entrelaçam, sendo a sua própria vinda para a Universidade relacionada com o futebol.
A oportunidade surgiu em 1997 quando o reitor na época, o professor José Maria teve a ideia de montar uma equipe para ser campeã naquele ano. “Eu sempre mexi com futebol, eu era massagista do time da Nestlé. Eu estava num serviço temporário na Nestlé, aí acabou o serviço e eu fiquei desempregado. Um dia eu estava na Praça e o Edson, professor da UninCor, me disse que precisava de alguém igual a mim para ajudá-lo no time que o professor José Maria queria montar, se eu poderia indicar alguém. Aí eu me indiquei, ué. ‘Eu não sirvo não?’, eu perguntei”, conta rindo o colaborador. Ele começou a trabalhar com a equipe, e o professor Edson perguntou se ele teria interesse em ocupar uma vaga na área elétrica, sem saber que ele era formado nessa área. Ele assumiu a vaga e se demitiu de vez da Nestlé. Por coincidência, sua primeira partida com o time da UninCor foi contra a equipe da Nestlé, e ele conta que venceram de 1 a 0, e diz que ainda tem um jornal com uma matéria sobre o jogo.
Hoje ele alterna suas atividades na Universidade com a cobertura de jogos de futebol, como cinegrafista esportivo. Ele trabalha para a Federação Mineira de Futebol (FMF), para a CBF TV, entre outras. “Eu gosto de futebol, eu faço jogos do Campeonato Mineiro do módulo dois, segunda divisão, primeira divisão, na região aqui os jogos que tem sempre sou eu que faço. Pouso Alegre, Tricordiano, O Atlético de Três Corações, o Boa de Varginha, faço Santarritense…”, ele comenta.
Consegue conciliar as duas atividades porque geralmente as partidas são no fim de semana, mas quando os jogos acontecem em dias de semana e os horários coincidem com seu expediente, ele negocia na Universidade. “A gente trabalha num lugar que dá todas as condições para a gente. Mesmo quando tem jogos durante a semana, às vezes às 16h e coincide que não tem aula na clínica, nem no laboratório, aí eu já me antecipo, passo para o meu gestor que vai ter jogo para ver se me libera, aí se me libera eu pago as horas no sábado”, explica.
Ele agradece constantemente àqueles que estiveram com ele nessa jornada, tanto no futebol, quanto em momentos críticos de sua vida particular. “Em coisas da vida particular eu agradeço muito à UninCor, quando eu mais precisei, ela estava junto comigo, eu tive uma passagem muito triste na família, eu também me envolvi com alcoolismo, me tornei dependente, perdia dias de serviço por causa do álcool e a UninCor sempre segurou. Teve um ou outro que queria me mandar embora, mas eu creio que o meu profissionalismo, minha atenção, minha maneira de tratar as pessoas pesou na balança, mas eu realmente andei pisando na bola, porque quem bebe perde tudo. A primeira coisa que ele perde é a responsabilidade, porque quando você bebe, quando você acorda você esqueceu que naquele dia você acorda pai de família, você acorda trabalhador, esquece de tudo. E a UninCor me apoiou muito e isso eu ressalto mesmo. O que eu puder fazer pela UninCor, eu faço, é uma forma de gratidão, devolver o que ela fez por mim”, diz agradecido.
Hoje ele comemora a cada ano sua vitória contra o álcool todo mês de abril e esse ano completou cinco anos sem beber. Mas ele ressalta que quem já teve problemas com alcoolismo, precisa sempre vigiar e sua última recaída quase tirou sua vida.
Em 2015 ele teve uma recaída e chegou a pedir demissão da instituição. Porém, os funcionários dos Recursos Humanos na época conversaram e perguntaram se ele não estaria disposto a fazer mais um tratamento. Ele acabou aceitando e procurou um Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Passou por médico, começou um tratamento com medicamentos e frequentava reuniões todas às quartas-feiras. “Aí, olha pra você ver que empresa maravilhosa, ela [a UninCor] me dispensava toda quarta-feira depois do almoço para eu poder participar da reunião e das dinâmicas, então na quarta-feira à tarde eu praticamente não trabalhava, então eu valorizo muito isso”, conta o colaborador.
Depois de um ano de tratamento, voltou a beber aos poucos: “eu comecei a beber devagarzinho, devagarzinho, aí eu não me lembro, coisa que eu não faço, não ia fazer e com o efeito do álcool, diz que eu faltei do serviço na quinta feira, eu bebi muito na quarta feira, vim trabalhar, não aguentei, fui embora. Só que, ao invés de ir embora, eu fui para o bar beber mais, aí eu bebi quinta, sexta, sábado, chegou no domingo, eu peguei os remédios, já fazia tempo que eu tava com os remédios lá, eu tomei os remédios todos. aí eu entrei em coma, foi no dia 17 de abril de 2016, eu fiquei em coma três dias. No dia 20 de abril eu voltei do coma” ele conta.
Sua esposa Juliana, que passou por muitos momentos difíceis durante sua jornada de vida, escreveu um pouco de sua história em um livro chamado “Rompendo”, no qual registrou essa passagem delicada da vida do marido. “Eu e meus filhos o encontramos na sala da nossa casa caído, roxo, sem respirar. Pensamos que não iríamos vê-lo novamente. Aquela cena marcou nossa vida e nossa família”, relata no livro a esposa.
A essa altura, sua permanência na instituição estava ameaçada, e ficou sabendo que estava correndo o risco de ser demitido. “Na época a gestora imediata era a Mirtes, ela conversou comigo, falou ‘olha Zé, todo ser humano merece uma chance. Essa chance quem te deu não foi um ser humano não, foi Deus quem te deu, então, Deus está te dando uma chance, e nós também, então agarra com unhas e dentes’. E louvado seja Deus, até hoje eu estou firme, a gente tem que manter a firmeza”, comemora.
José Maria acompanhou boa parte da história da UninCor e sua própria história de vida está ligada à Universidade. “Eu quando entrei aqui ainda não era UninCor, era Incor ainda, era faculdade, aí de 1998 para 1999 virou universidade, aí teve aquela ascensão, o curso de Odontologia, trabalhei muito em Belo Horizonte, eu ia lá para dar manutenção na clínica”, recorda.
Quando começou a trabalhar na instituição, seu primeiro filho tinha dois anos de idade. Hoje, com 25 anos, Gabriel formou-se em Educação Física pela UninCor. O mais novo, Mickael está com 15 anos e é aluno do Colégio de Aplicação. “A UninCor não ofereceu só o emprego para mim, ofereceu também estrutura para a minha família”, comenta.
Casado há 29 anos, Juliana foi sua companheira e também esteve ao seu lado, mesmo nos piores momentos, apesar de cansada da situação. No mesmo ano em que o marido teve sua pior crise com o alcoolismo, ela teve problemas de saúde, precisou passar por uma cirurgia, perdeu a mãe e chegou a ser internada no CTI, até ser diagnosticada com mielite transversa. Chegou a precisar de uma cadeira de rodas para se locomover, e quem ofereceu o equipamento foi a UninCor, através de um projeto do curso de Ciências Contábeis, que consistia na troca de anéis de latas de bebidas por cadeiras de rodas para doações. A primeira doação foi para Juliana. “Eu sou muito agradecido, não sou puxa saco, eu devolvo para a UninCor com a qualidade do meu serviço, minha dedicação, meu respeito”, declara José Maria.
Mesmo próximo de uma aposentadoria, o colaborador diz que enquanto puder, devolverá à UninCor tudo o que fez por ele.
Ele reflete sobre a rotina de trabalho: “Qual o objetivo pelo qual você trabalha? A pessoa responde ‘trabalho porque eu sou casado, eu tenho as minhas despesas’. Mas não, esse é o seu segundo objetivo, o primeiro é que você trabalha na empresa para ajudar com a sua profissão para ajudá-la a progredir, a funcionar, esse é seu primeiro objetivo”.
Por fim, ele deixa um recado para todos os colaboradores da instituição: “Eu tenho certeza que a pessoa fazendo o seu melhor, ela vai ter o seu retorno e trabalhando na UninCor, ela vai ter oportunidade de crescer e eu mesmo eu vi muita gente que entrou como auxiliar geral e saiu como gestor de setor, fez faculdade, porque aqui dá oportunidade”, completa.
José Maria é um dos tantos exemplos de colaboradores que dedicaram e ainda dedicam sua vida à instituição com extremo amor e dedicação. A UninCor também está feliz por fazer parte dessa história e agradece toda a sua dedicação por todos esses anos.