O Curso de Psicologia promoveu, no dia 04 de junho, o evento 'De perto ninguém é normal' como forma de chamar a atenção da comunidade acadêmica e estudantes de áreas afins para a luta antimanicomial. A programação, que contou com a organização da turma do 9º período do curso, abrangeu palestras, apresentação teatral, exposição de fotos e participação do Coral do CAPS II - Centro de Atenção Psicossocial.
Como forma de retratar a realidade vivida nos manicômios, os alunos apresentaram textos com depoimentos de pacientes da saúde mental contando o tratamento desumano que sofriam nos antigos hospitais psiquiátricos; o estúdio de dança Bella Dança fez uma apresentação da música "Quem", da banda Oficina G3; a exposição de fotos remontou a história da saúde mental no brasil, retiradas do livro "O Holocausto Brasileiro", da jornalista Daniela Arbex; e o Coral do CAPS II fez uma emocionante apresentação para os alunos na Área de Convivência.
Na palestra sobre "A psicose entre nós: como fazer clínica na Atenção Psicossocial", a psicanalista Valdene Amâncio falou sobre questões que envolvem a Saúde Mental e a relação entre a família, a sociedade e os órgãos de saúde, sobretudo os CAPS, no tratamento mais humanizado ao paciente com transtorno mental. A convidada deixou ainda a reflexão "Que tratamento para psicóticos, autistas, usuários prejudiciais de drogas e de todos os outros sofrimentos graves estamos oferecendo nos CAPS"?
Para a Coordenadora do Curso de Psicologia, professora Fabíola Procópio Sarrapio, "o evento foi emocionante, a interpretação dos alunos foi impecável e sua expressividade tocou profundamente toda a plateia. Isso é muito importante, pois fez e faz refletir que apenas acabar com os manicômios não é o suficiente. Como profissionais e cidadãos, precisamos sempre repensar as práticas e as condições oferecidas ao doente mental".
Luta Antimanicomial
O movimento de humanização no tratamento realizado pela Saúde Mental cresceu desde os anos 80 e provocou avanços nas políticas públicas, nos aspectos normativos e assistenciais aos portadores de transtorno mental, seus familiares e a sociedade.
Desde que a Lei da Reforma Psiquiátrica nº 10.216/2001 entrou em vigor, a Saúde Mental passou por um processo de substituição do modelo abusivo enfrentado por pacientes em antigos tratamentos nos manicômios.
Com isso, a Luta Antimanicomial demonstra para toda sociedade que pessoas com transtorno mental têm o direito fundamental à liberdade, de serem respeitados e de receber cuidado e tratamento sem abrir mão de seu lugar de cidadãos.